“A felicidade é a pretensão ilusória de converter um instante de alegria numa eternidade!”.
Esta definição de felicidade apresentada pelo extraordinário Professor Clóvis de Barros sobre a felicidade trouxe-me vários insights possibilitadores.
A grande maioria das pessoas quer incessantemente viver num estado permanente de felicidade, em que a alegria nunca termina. No entanto, isto não passa, como diz o professor Clóvis, de uma “pretensão ilusória” que origina desequilíbrios emocionais e comportamentos desadequados. É importante manter presente que todos os estados emocionais são necessários para o nosso bem-estar e segurança, nomeadamente os menos bons, aos quais queremos fugir e ignorar.
A sociedade está organizada e estruturada para que sejamos sempre estimulados a viver vidas felizes, sempre e para sempre e usa como modelos de influência o mundo” ideal”, o mundo das redes sociais, das revistas, o mundo que não é real, promovendo uma falsa sensação de bem-estar momentâneo e a ilusão de que podemos viver um estado permanente de felicidade.
Quando desejamos viver a felicidade que, aos nossos olhos, o outro parece ter, colocamos o foco fora de nós e, por isso, sentimo-nos tantas vezes frustrados, pouco merecedores e insuficientes.
Então, se não podemos viver em estado de permanente de felicidade, como podemos garantir que somos felizes?
Primeiro, é importante iniciarmos um processo de autoconhecimento. Tomarmos consciência dos nossos valores, das nossas necessidades, das nossas emoções e do nosso mundo interno em geral, permite-nos alinhar cada vez a nossa ação com aquilo que nos faz felizes.
Felicidade não é, em si, tirar 20 a todas as disciplinas, ou estudar o mínimo possível para conseguir transitar de ano escolar, ou ser o pai do melhor aluno da turma, mas antes a satisfação que sentimos em resultado das nossas escolhas.
Felicidade é um modo de vida em que o balanço entre o bom e o menos bom é positivo. Em que, de dentro para fora, sentimos gratidão pelo que temos e pelo que somos e por ser parte deste imenso Universo que nos acolhe e que, todos, construímos.
Felicidade não é fazer algo bem, felicidade é sentirmo-nos bem enquanto fazemos algo. Felicidade é quando sentimos que vale a pena estarmos onde estamos.
Felicidade é uma competência do próprio Ser, é um processo individual e o caminho para a alcançar é descobrir os nossos valores, alinhar a nossa ação com eles e viver a satisfação dos resultados que isso produz.
Ter a consciência de que não existe uma fórmula mágica que sirva a todos e para o resto da vida, permite-nos conhecer mais a fundo o que nos faz felizes e alinhar a nossa intenção com a nossa ação e os nossos estados para que a Felicidade seja, sempre, a tela de fundo.
Por exemplo, se notar que está sempre à espera que o dia de trabalho termine, que o ano escolar termine rápido, que as férias cheguem rápido, que o mês acabe, está indiretamente a dizer que quer que a vida acabe rápido, ou que o que faz não tem sentido e/ou propósito.
Então como pode ser feliz, ou mudar o seu estado emocional quando está triste, insatisfeito ou pouco realizado?
Questionando-se se a vida que leva está a valer a pena, se o realiza, se satisfaz as suas necessidades e se está alinhada com os seus valores, com os seus princípios de ação.
Como sabe se a vida vale a pena? Questione-se se gostaria que durasse mais tempo, que não terminasse. Sinta de dentro para fora se sente grato por aquilo que tem. Se a resposta for afirmativa, é porque está alinhado com o seu propósito e a dar o fruto que veio dar ao Mundo.
Termino este artigo com mais uma frase do Professor Clóvis de Barros que ilustra bem a influência que o Autoconhecimento tem em alcançarmos mais momentos de felicidade durante esta passagem pelo mundo:
“A felicidade é quando lamento o final de alguma coisa que estou a fazer e que alegra.”