Os Jovens São Todos Iguais

A Adolescência é uma das fases mais temidas pelos pais, pois existe a crença de que é uma fase difícil e complicada.⠀

Mas difícil e complicada para quem? Para o Jovem, para o Adulto ou para ambos?⠀

Numa das suas inúmeras palestras, Leandro Karnal disse que “Quando levamos com o chicote no lombo é excessivo, mas quando o chicote está na nossa mão e o usamos, ele é necessário!”.

Muitas vezes a nossa experiência biográfica impossibilita-nos de ter a coragem de enfrentar ou até mesmo de tomar consciência das “construções históricas” que se perpetuam no tempo e que nos limitam.

Considero a adolescência uma das muitas construções históricas, porque continua a ser considerada pela maioria dos adultos e pela sociedade em geral uma fase de rebeldia, de desafio, de resistência, de contestação, de agressividade, de impulsividade, sendo até muitas vezes relatada (por alguns pais) como uma “doença”.

A Biologia, ao contrário da construção histórica, dá-nos informação que nos pode ajudar a entender as mudanças repentinas de humor e comportamento dos jovens e que tanto perturbam ou assustam os pais.

De forma simples, o que a ciência nos diz é que diferentes partes do cérebro se desenvolvem em diferentes momentos e que o córtex pré-frontal só está completamente desenvolvido por volta dos 24 anos. O córtex pré-frontal é responsável pela capacidade de decidir, de resolver problemas, de pensar em consequências e de controlar impulsos. Com esta aprendizagem, fica mais fácil para os pais consciencializarem-se de que há um desequilíbrio entre a emoção e a razão que se  reflete no comportamento dos jovens.

No entanto, se os adultos continuarem a problematizar a adolescência e continuarem a colocar o foco no comportamento e não na relação perdem uma janela de oportunidade para criar uma relação próxima com a pessoa que existe para além do comportamento visível e que é a pessoa com a qual desejam ter um relacionamento seguro, de confiança e respeito.

Repito aqui a questão que coloquei no artigo do Blog da MindSteps :

Que semente quer colocar hoje a germinar no seu filho?, que pode ler na íntegra aqui:

https://mindstepscoaching.pt/semear-emocoes-colher-evolucao/

É fundamental que nesta fase, os adultos façam uma autorreflexão sobre a sua adolescência. Podem começar por tomar consciência da forma como viveram essa fase, do que lhes faltou e do que os podia ter ajudado. Esta reflexão, feita sem julgamento e com curiosidade, pode trazer aos pais respostas para os seus medos e permitir que desenvolvam mais compaixão pelos seus filhos e pelas suas, próprias, histórias de origem.

O relacionamento com os adolescentes deve ter por base os principais valores da Parentalidade Consciente (respeito pela sua integridade, Igual valor, Autenticidade e Responsabilidade Pessoal) e, para que isso aconteça, é necessário que os pais tenham presentes as suas intenções para a parentalidade, que entendam as necessidades dos filhos, que sejam pacientes e que sejam curiosos na relação com os adolescentes. A curiosidade permite que a nossa mente esteja mais permeável a perguntas abertas com respostas muitas vezes surpreendentes.

É importante ter presente que nós existimos com o outro e não nos sobrepondo ao outro, para que possamos viver uma existência tranquila e coerente.

Apesar da coerência ser importante para o crescimento saudável do Ser humano, eu diria que a congruência é mais importante, pois esta sim vai permitir-nos viver alinhados com a nossa essência. Neste sentido, ser congruente na forma como nos relacionamos com o tema da adolescência vai permitir resultados muito potenciadores para a dinâmica familiar, na medida em que nos permitirá ir desenvolvendo ferramentas de acção e de autorregulação.

Se até agora explorei a parte da relação, também é importante referir que precisamos de saber comunicar os nossos limites, necessidades e valores aos nossos filhos, e vice-versa. Comunicar os nossos limites e relembrá-los sempre que necessário é importante para ambas as partes e para fomentar uma dinâmica familiar respeitadora e saudável.

Para mim, romper com padrões através da Parentalidade Consciente foi fundamental para a minha transformação interior e para ser cada vez mais congruente.

Acredito que viver uma relação saudável e íntegra com os nossos adolescentes promove um maior crescimento intelectual e segurança emocional para o jovem e, isso será fundamental para que ele viva as experiências, que fazem parte desta fase marcante da sua vida, de forma a fazer melhores escolhas como adulto.

Qual é a história que conta agora sobre a adolescência?

Partilhe este artigo!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Veja também outros artigos que lhe poderão interessar