Lápis cor de pele, pele de quem?

Terêncio disse: «Sou um Homem, nada do que é humano me é estranho»

Como mulher, mãe e facilitadora de PC tenho a responsabilidade pessoal e social de falar sobre temas que põe em causa a promoção dos valores humanos essenciais, como o do racismo.

Assumo que posso falar sobre racismo, mas não de racismo, porque nunca o senti diretamente. No entanto, sei que quero que eu e os meus filhos vivamos numa sociedade igualitária, fraternal e inclusiva e vejo o racismo como um atentado a esses valores.

Muitas vezes, somos cúmplices da perpetuação de modos de vida seculares que são obsoletos, desadequados e injustos por não participarmos do debate sobre o tema, através de uma reflexão construtiva, moral e justa no nosso dia a dia, ou por transmissão inconsciente através de expressões e comportamentos. O racismo tem sido uma das formas de preconceito e discriminação que temos perpetuado através destas duas formas, originando verdadeiras tragédias humanas.

O fim da discriminação com base na cor da pele ou na origem étnica exige que nos posicionemos de forma firme e quase sempre mais por excesso do que por defeito.

Palavras ou termos que usamos no dia a dia, em família, ou nas escolas, como ”lápis cor de pele”, podem reproduzir discursos preconceituosos ou racistas, ainda que não tenhamos essa intenção. Sabemos que as crianças aprendem mais por modelagem do que por transmissão de informação, o que nos põe no lugar de responsáveis pelos valores que queremos que elas apreendam.

Lápis cor de pele, pele de quem?

Devemos ser colaborativos na desconstrução de padrões sociais que promovem desigualdade e intolerância e, para isso, pequenos gestos podem fazer a diferença no crescimento de crianças saudáveis e que não coloquem em causa o seu valor pessoal.

Promovermos um debate que tenha por base a curiosidade e o respeito, pode levar-nos a respostas mais adequadas e igualitárias.

Como mãe, caso o meu filho diferencie alguém num grupo através da cor da pele, eu tenho a responsabilidade moral de lhe explicar que essa é uma forma desadequada de se referir a alguém e que a expressão lápis cor da pele ataca a identidade de alguém (na maioria das vezes das crianças).

Queremos promover uma geração alpha empática, com capacidade de pensamento crítico e com discursos promotores de igualdade e harmonia.

Nesse sentido, a família e a escola têm um papel fundamental na construção de uma sociedade ética, pluralista e inclusiva.

Pinte o Pedro, o João ou a Maria, basta! A criança vai saber qual é a cor que vai escolher quando abrir a sua caixa de lápis de cor!

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2 Responses

  1. Pedro, obrigada pela partilha.
    Vamos fazer a nossa parte e, contribuir para a desconstrução de padrões sociais, como o racismo, que promovem desigualdade e intolerância, debatendo o tema em casa, na escola e com a família.

  2. Bom dia. Está muito bem escrito, com um tema tão atual e tão mesquinho.
    É até vergonho ser tão atual no séc. XXI.

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