Um Caminho com Sentido

Missão e propósito são palavras que tenho ouvido cada vez mais em diferentes contextos.

Vivemos uma fase em que se tornou quase obrigatório ter um propósito, porque alguns grupos da sociedade nos imprimem repetidamente a ideia de que uma vida sem propósito é uma vida sem sentido, vazia.

A pergunta que se coloca é: o que é realmente o propósito? O que é que dá sentido à minha vida?

O propósito reflete uma projeção do futuro, do nosso futuro e, por isso, deve ser construído por nós, a partir das nossas experiências biográficas e de forma a respeitar as nossas características biológicas, psicológicas e sociais e os nossos contextos e papéis.

A descoberta de um propósito é um processo progressivo de tomada de consciência, ao nosso ritmo e com respeito pelos nossos valores e vontades. Impormo-nos essa descoberta pode gerar ansiedade ao fazer-nos focar naquilo que não temos, mais do que naquilo que temos e que é ponto de partida (e de chegada talvez, mas isso fica para depois).

A ação transformadora consciente é o que nos diferencia dos restantes animais, e para nos ajudar a compreender melhor o significado da nossa direção, do que estamos a construir para nós e no mundo, podemos questionar-nos sobre o seguinte:

“O que faço, porque o faço?”
“O que não faço, porque não o faço?”
“O que faço e não devo fazer, porque o faço?”
“O que não faço e deveria fazer, porque não o faço?”

A partir desta reflexão podemos tomar consciência do que nos limita e impede de viver o nosso propósito, em diferentes áreas da nossa vida.

Quais são os pressupostos que ajudam a criar ou descobrir o seu propósito, ou propósitos?

Uma especificidade sua, que é única, ou que foi “dada pelo grupo”? Se nasceu da sua essência vai conseguir viver o seu propósito com legitimidade, porque teve a coragem de olhar para si, para o seu interior e dar voz ao que é realmente importante e válido para si. Caso tenha sido “comprado” ao grupo, vai ter dificuldade em legitimá-lo, porque vai continuar a comparar-se com os “grandes propósitos” dos outros.

O neurocirurgião Japonês Ken Mogi, autor do livro “IKIGAI: os cinco passos para encontrar o seu propósito e ser feliz“, partilhou connosco uma mandala que nos ajuda a entender melhor o IKIGAI.
Ikigai em japonês significa Razão de Ser.

A mandala Ikigai pretende passar a mensagem que a nossa razão de Ser, de viver, é o equilíbrio perfeito de habilidades, conhecimento e atividades que amamos, em que somos bons, podemos ser pagos e o mundo precisa.

Partilho convosco uma leitura resumida da mandala:

Quando encontramos algo que amamos fazer e que é bom para o mundo, encontramos a nossa missão.

O resultado da nossa paixão reside na junção do que amamos fazer com o que somos bons a fazer.

Aquilo que somos bons a fazer e pelo qual somos pagos encaixa-se na nossa profissão.

Talento é aquilo em que somos bons a fazer e que é bom para o mundo.

Podemos então, nesta perspetiva, ter vários Ikigais e os mesmos podem ser alterados consoante o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

O importante é saber respeitar as nossas necessidades, valores e vontades e ter a consciência que o nosso valor não deve ser colocado em causa porque não temos um ou vários propósitos ou clareza suficiente sobre eles.

A procura incessante de um propósito pode trazer bastante frustração. Muitos de nós já vivem o seu propósito e não precisam de o escrever ou verbalizar. Apenas viver em alinhamento com o que sentem que lhes faz bem.

Um dos meus propósitos pessoais é conhecer-me cada vez melhor.

O meu propósito profissional ou a Missão da MindSteps é contribuir para o desenvolvimento das relações, através de processos de diferentes áreas do Desenvolvimento Pessoal assentes na Parentalidade Consciente, Autoconhecimento e Autorregulação emocional e na promoção de conexões autênticas com o Eu e com o Outro.

Termino o texto com uma frase do escritor António Machado que expressa bem o que sinto: “Caminhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar.”

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