Um conto com Coaching

A convite da MindSteps, a Liliane Silva, Psicóloga, escreveu um conto inspirador, sobre a importância do autoconhecimento e emoções, um tema de grande relevância para o desenvolvimento da Inteligência emocional e afetiva, para crianças, jovens e adultos.

Espero que apreciem!

A Heli e o Memo.

Era uma vez uma menina chamada Heli.

O que a Heli mais gostava de fazer era de passar tempo com o seu melhor amigo, o Memo. A Heli e o Memo conheciam-se desde pequeninos e, com o passar do tempo, foram passando cada vez mais tempo juntos.

Apesar de terem a mesma idade, o Memo era bem mais alto que a Heli. Quando conversavam em pé, a Heli até ficava com dores no pescoço de tanto ter de olhar para cima. Isto deixava Memo muito triste. Não gostava que fossem tão diferentes. Por isso, muitas vezes o Memo sentava-se no chão ou punha-se de joelhos. Heli sabia o quão triste Memo ficava por se sentir tão diferente dela e, por isso, inventaram um brincadeira. Decidiram que, sempre que possível, iam conversar sentados e de olhos fechados. Assim estavam atentos apenas ao que um e outro diziam.

De olhos fechados era mais fácil sonhar. Heli sonhava que um dia ia ao Espaço. Memo sonhava que ele e Heli sempre estariam juntos.

Apesar de saber da tristeza que Memo sentia por ser tão diferente, quando andavam juntos na rua, Heli sentia-se protegida por ele, porque sabia que ninguém lhe podia fazer mal. Heli sabia que ter um amigo assim a defendia dos comportamentos e das coisas que a deixavam triste.

O tempo foi passando e a Heli e o Memo foram crescendo.

Heli tornou-se astrónoma e surgiu a sua primeira oportunidade de ir ao Espaço. Heli delirou de felicidade até se dar conta que não podia levar consigo o seu melhor amigo. Memo não cabia na nave. Conversaram, mas Heli não pôde deixar de ver a tristeza nos olhos de Memo. Foi como se ele se tornasse ainda maior para a envolver toda num abraço gigante. Com tristeza, Heli rejeitou a oportunidade.

Quando conversavam de olhos fechados e Heli sonhava com a ida ao Espaço, Memo ficava muito triste, chorava e mostrava a Heli tudo de bom que havia em estarem ali, em Terra, juntos.

Um dia, chegou até Heli uma nova oportunidade e ela decidiu voltar a conversar com Memo. Desta vez, pediu que conversassem de olhos abertos. Heli explicou todos os detalhes da viagem. Quando seria, como seria, por quanto tempo seria. Memo, mais uma vez, enumerou detalhadamente todos os motivos pelos quais era tão perigoso ir ao Espaço. Esta atitude fazia com que Heli se sentisse muito amada e protegida, apesar de triste. Devido a tudo o que sabia sobre as viagens ao Espaço pelo tanto que havia estudado, Heli foi desconstruindo todos os motivos que Memo apresentou. Um a um, Heli explicou-os com todas as técnicas e ciências para que Memo não se preocupasse tanto. O único argumento que foi difícil para Heli desconstruir foi o da saudade. A saudade que teriam um do outro.

Memo insistiu mais e mais, trazendo outro e outro argumento para cada explicação de Heli.

Já muito cansada e triste, Heli concordou com Memo e foram embora. Era um dia de muita chuva.

No caminho para casa, Heli escorregou e caiu dentro de um poço. Um poço que media três vezes o seu corpo. Sozinha, no fundo do poço, Heli chorava e pensava que ninguém a ouviria e que iria morrer sem nunca ter ido ao Espaço.

De repente, Memo apareceu. Tinha decidido voltar para falar com Heli, para garantir que ela compreendia bem porque é que era perigoso ir ao Espaço e, também, que se sentia segura e feliz por estar perto dele. No caminho, ouviu os prantos de Heli e, rapidamente, foi ajudá-la a sair do poço.

Cá fora, os dois sentados, Heli, aos prantos e de olhos fechados, repetia que não podia morrer sem ir ao Espaço. E não deixou Memo falar. Heli falou, falou, falou. Chorou, chorou, chorou. Agradeceu muito a Memo por a proteger, por lhe mostrar todos os perigos e disse-lhe para ele ficar calmo que tudo ia correr bem. Que não precisava de a proteger, porque ela estava segura e sabia que iria e viria em segurança.

Quando abriu os olhos, deu-se conta que Memo havia encolhido. Que era pequenino agora.

Apesar de se sentir desprotegida, ficou feliz por poder pegar nele e irem juntos ao Espaço.

 

Liliane Silva. Para a Minha Helena.

 

Conto escrito por Liliane Silva, Psicóloga e apaixonada pela temática do Desenvolvimento Pessoal.

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