Parentalidade Consciente: Mais do que um Estilo, uma Transformação

Se tem sentido desafios na relação com o seu filho adolescente, com momentos de afastamento, discussões ou falta de compreensão, saiba que não está sozinho. Muitos pais vivem esta fase com dúvidas e incertezas, questionando-se sobre o que fazer. Ser mais rígido? Dar mais liberdade? Como encontrar um equilíbrio?

Antes de estudar Psicologia, a formação em Parentalidade Consciente ajudou-me a perceber a importância de conhecer os estilos parentais e o impacto das nossas escolhas na educação dos nossos filhos. O ano passado, na faculdade, aprofundei a compreensão dos diferentes estilos parentais e dos seus efeitos no desenvolvimento das crianças e adolescentes. A investigação em Psicologia identifica quatro estilos principais:

Pais autoritativos: equilibram exigência com afeto e comunicação aberta. Os estudos demonstraram que as crianças educadas por pais autoritativos desenvolvem maior autoestima, melhores competências sociais e maior autorregulação. Tendem a apresentar melhor desempenho académico, menos problemas emocionais e comportamentais e uma maior capacidade de adaptação a diferentes contextos.

Pais autoritários: impõem regras rígidas, têm pouca abertura ao diálogo e recorrem frequentemente a estratégias de punição e recompensa para controlar o comportamento. As crianças educadas por pais autoritários tendem a desenvolver mais problemas de internalização, como ansiedade e baixa autoestima. Embora possam ser obedientes, muitas vezes apresentam dificuldades na tomada de decisão e menor flexibilidade cognitiva.

Pais permissivos: são muito afetuosos, mas estabelecem poucos limites. Os estudos indicam que crianças educados por pais permissivos demonstram menor autorregulação e maior propensão a comportamentos de risco. A falta de estrutura e limites pode levar a dificuldades na gestão emocional e relacional.

Pais negligentes: Caracterizam-se pela falta de envolvimento na vida dos filhos, apresentando pouca responsividade emocional e pouco controlo ou orientação. As crianças educadas por pais negligentes tendem a desenvolver baixa autoestima, dificuldades emocionais e comportamentais e menor capacidade de autorregulação. A falta de apoio parental pode levar a dificuldades na construção de relações saudáveis e ao aumento do risco de envolvimento em comportamentos de risco.

Parentalidade Consciente: Educar com Intenção

A Parentalidade Consciente está próxima do modelo autoritativo e propõe uma abordagem mais intencional e reflexiva. Incentiva os pais a refletirem sobre a forma como se relacionam com os filhos, dando prioridade à qualidade da relação em vez de se focarem apenas no comportamento, tornando-os mais conscientes do impacto das suas palavras, ações e emoções.

A Parentalidade Consciente assenta nos valores fundamentais da autenticidade, do respeito pela integridade, da responsabilidade pessoal e do igual valor, proporcionando assim as condições para um ambiente familiar mais equilibrado e saudável.

Estes valores refletem-se em quatro pilares essenciais que orientam esta abordagem:

  • Respeito pela individualidade da criança/adolescente, promovendo a sua autonomia e segurança emocional.
  • Autorregulação parental, pois a forma como os pais gerem as suas próprias emoções influencia diretamente os filhos.
  • Conexão e comunicação, privilegiando um diálogo aberto, empático e livre de julgamentos.
  • Orientação baseada em valores, substituindo punições ou recompensas externas por princípios que guiam o desenvolvimento da criança de forma consciente e significativa.

A Parentalidade Consciente não traz benefícios apenas para a relação entre pais e filhos. Os seus princípios promovem um impacto positivo em todas as áreas da vida, melhorando os relacionamentos interpessoais, seja na família, no trabalho ou nas amizades.

Ao desenvolvermos uma maior consciência emocional e melhorarmos a comunicação, tornamo-nos mais empáticos e assertivos, o que fortalece as nossas relações interpessoais. Além disso, este modelo parental incentiva e orienta os pais a promoverem, em casa, o pensamento crítico e a autonomia dos filhos, respeitando as diferentes fases do desenvolvimento infantil.

Outro aspeto fundamental da Parentalidade Consciente é a valorização de uma comunicação consciente, baseada nos princípios da Comunicação Não Violenta, desenvolvida por Marshall Rosenberg. Crianças e jovens que crescem num ambiente onde esta forma de comunicação é praticada desenvolvem uma maior capacidade de expressão emocional, empatia e resolução de conflitos, tornando-se adultos mais seguros, respeitadores e assertivos nas suas relações.

Mais do que um modelo educativo, a Parentalidade Consciente transforma a forma como nos relacionamos, promovendo conexões mais autênticas e saudáveis.

Que tipo de relação deseja construir com o seu filho? A forma como educamos e nos conectamos com eles hoje define o adulto que se tornarão amanhã.

Partilhe este artigo!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Veja também outros artigos que lhe poderão interessar

Coaching para Adolescentes

Modo Adolescente: ON

Para os adultos, ser adolescente parece fácil. “Só tens de estudar, ajudar em casa

Ler Mais >