A Arte Da Paciência

A primavera lembra que tudo tem o seu tempo. As árvores não apressam o crescimento das folhas, nem as flores se abrem antes do momento certo. Tudo acontece ao seu ritmo. Na parentalidade, aplica-se o mesmo princípio.

É natural desejar que os filhos sejam responsáveis, capazes de tomar boas decisões e de lidar com as emoções. No entanto, crescer é um processo gradual e, muitas vezes, invisível a olho nu — e a pressa dos adultos pode interferir mais do que ajudar.

A adolescência é uma fase de grandes transformações. O cérebro continua em desenvolvimento, sobretudo nas áreas ligadas à gestão emocional, ao controlo de impulsos e à tomada de decisões. Isto significa que, mesmo quando um adolescente compreende um conceito, pode ainda não ter as ferramentas para o aplicar. Sabe a teoria, mas ainda está a aprender na prática — e vai errar. E está tudo bem.

A impaciência tende a nascer do medo: o receio de que o filho sofra, de que não esteja preparado para o futuro, de que repita erros. Esse medo é compreensível — mas exercer demasiada pressão pode ter o efeito contrário. Em vez de motivar, pode gerar ansiedade, frustração e resistência.

Hoje, os adolescentes vivem rodeados por estímulos digitais que aceleram o ritmo da vida. O acesso precoce à internet e às redes sociais oferece um mundo de informação… mas nem sempre maturidade para a processar. Comparações constantes, conteúdos idealizados, pressão para corresponder a expectativas irreais — tudo isto contribui para aumentar o stress e a insegurança. Por isso, mais do que nunca, é essencial que tenham ao seu lado adultos que ofereçam tempo, presença e compreensão.

Ter paciência não significa cruzar os braços. Significa ajustar as expectativas, reconhecer que cada jovem tem o seu próprio ritmo e aceitar que os erros fazem parte do processo de crescimento. Se hoje houve um pequeno progresso, já se avançou. Se houve um erro e ele foi reconhecido, também é sinal de desenvolvimento.

Criar um ambiente seguro, onde o erro é compreendido e onde o afeto não depende do desempenho, é uma das maiores ofertas que se pode dar a um filho. Os adolescentes aprendem mais com o exemplo do que com palavras. Se se deseja que saibam esperar, refletir antes de agir e lidar com frustrações, é importante mostrar como se faz — com paciência, empatia e coerência.

Paciência não é permissividade. É presença intencional. É acreditar que cada conversa, cada gesto e cada limite está a construir algo maior.

Crescer leva tempo — por vezes, mais do que se gostaria. Mas há progresso, mesmo quando não se vê. O importante é manter a ligação, a escuta e o cuidado. 

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