Hoje, os nossos jovens estão a crescer de forma diferente.
E não, não se trata apenas da velocidade do mundo, das pressões escolares ou das mudanças típicas da adolescência.
Muitos estão a crescer de fora para dentro, ou seja estão a construir a sua identidade com base na forma como são vistos — mais do que naquilo que sentem ou descobrem por dentro.
Vivem numa presença constante nas redes sociais. Partilham fotografias, emojis, vídeos, frases curtas, reacções. É o novo normal. Mas será que sabem o que estão a comunicar?
Nem sempre. E muitos adultos também não.
Um emoji pode parecer inofensivo, mas ter um significado totalmente diferente.
A beringela 🍆, por exemplo, é muitas vezes usada para representar o órgão sexual masculino. O símbolo das gotas 💦 pode ser lido como excitação sexual. E há referências a consumo de cannabis 🌿 que passam despercebidas a quem não conhece estes códigos.
A própria PSP divulgou recentemente uma lista com os significados de alguns destes símbolos. E não se trata de alarmismo — trata-se de literacia digital.
Os adolescentes não estão necessariamente a fazer algo “errado”, mas sim a comunicar numa linguagem que lhes dá pertença e estatuto.
Se os adultos não a compreendem, desligam-se de um dos principais canais de ligação emocional com os jovens.
A linguagem dos jovens de hoje também passa por palavras curtas, expressões em inglês, frases codificadas.
“Cringe”, “slay”, “ghosting”, “é giving”… fazem parte de um léxico diário que pode parecer estranho, mas é, muitas vezes, a porta de entrada para conversas mais profundas. A questão não é traduzir tudo. É estarmos atentos ao que se está a passar — e mostrarmos que queremos perceber.
Num mundo onde se partilha tanto e tão cedo, há também riscos que não podemos ignorar.
Um dos mais preocupantes é o aliciamento online, ou grooming — um processo de manipulação emocional em que um adulto se aproxima de uma criança ou adolescente através da internet, fingindo empatia e interesse, para mais tarde levá-lo a partilhar conteúdos íntimos ou a marcar encontros presenciais. Este tipo de abordagem pode parecer inofensiva no início, mas é intencional, planeada e muitas vezes invisível para os adultos.
Para saber mais e identificar sinais de alerta, podes consultar o site Internet Segura, com recursos claros e acessíveis para pais e educadores.
É por isso que precisamos de mais do que filtros parentais. Precisamos de diálogo. De adultos que escutem com curiosidade, não com julgamento. Que saibam perguntar:
– “Que significado tem isso para ti?”
– “Já te sentiste pressionado a partilhar algo online?”
– “Sabes com quem estás a falar nesse grupo?”
A presença parental não precisa de ser técnica. Precisa de ser afetiva, consciente e interessada.
Não precisamos de saber tudo. Mas precisamos de estar disponíveis para aprender com os nossos filhos e ajudá-los a pensar antes de reagir, a escolher antes de expor, a sentirem-se vistos antes de procurarem, apenas, validação externa.
Quando um adolescente se sente ouvido de verdade, deixa de procurar fora aquilo que começa a encontrar dentro.
Uma Resposta
Muito fixe 🙏